“A Tradição Reformada”
O livro “A Tradição Reformada”, de John Leith, publicado pela Pendão Real, é verdadeira preciosidade para o contexto brasileiro.
A primeira edição, em inglês, foi publicada em 1977, nos EUA, mas seu conteúdo é atual e relevante.
John H. Leith foi teólogo renomado e pastor presbiteriano. Atuou por mais de 30 anos como professor no Union Theological Seminary (1959-1990). Publicou 18 livros e diversos artigos sobre a igreja e a tradição reformada.
Casado com Ann Caroline White, teve um filho e uma filha, e faleceu no dia 12/8/2021, a um mês de completar 83 anos.
Em relação ao livro mencionado, duas características são importantes de serem mencionadas.
A primeira é o reconhecimento da importância da tradição reformada acompanhada da avaliação crítica.
Isto significa que o livro não trata apenas da história e do conteúdo desta tradição, mas apresenta a preocupação com a renovação e atualização da forma de viver o evangelho e de ser igreja reformada hoje.
Neste sentido, Leith compartilha da concepção de que devemos ser cônscios do passado, mas sem ficarmos presos a ele, pois é necessária abertura para novas exigências do presente e do futuro.
A segunda característica é que o livro foi elaborado na perspectiva de ser uma introdução à tradição reformada, acompanhada da preocupação de ser uma autêntica apresentação desta tradição, sem esgotá-la.
Com isto, a teologia, o culto e a liturgia, a igreja e as suas formas de governo, a cultura e temas como Deus, a Bíblia e a simplicidade da vida, por exemplo, definem os principais capítulos do livro.
Seguem alguns apontamentos de cada capítulo.
O capítulo I ressalta a importância da tradição no âmbito da fé cristã. Ela deve ser viva, ser obra do Espírito Santo e ter Jesus como elemento central dela.
O capítulo II trata da história das igrejas reformadas, destacando o início destas igrejas e sua expansão, começando na Suíça, Europa e Grã-Bretanhã, estendendo-se para os Estados Unidos, Canadá e chegando à Autrália, Nova Zelândia e África do Sul.
Dois apêndices foram acrescentados à edição brasileira neste capítulo: um sobre o número de membros das igrejas reformadas e o outro sobre o presbiterianismo brasileiro.
O capítulo III se volta para o “ethos” da teologia reformada, tendo como ponto de partida a majestade e a glória de Deus, passando pela vida de santidade pautada pela ética e se encerrando com os temas da vida disciplinada e da simplicidade.
O capítulo IV trata da teologia reformada, reafirmando suas principais características: teocêntrica, para a igreja, extremamente bíblica, como sabedoria e ciência prática. Breve histórico é dado aqui sobre o desenvolvimento da teologia reformada a partir do século XVI até o século XX, destacando os principais teólogos, bem como as confissões de fé reformadas.
O capítulo V é dedicado à forma de governo da igreja, com destaque para sua importância e para as três formas existentes, valorizando, como não poderia ser diferente, a forma reformada.
O capítulo VI se volta para os temas do culto e da liturgia, com ênfase à perspectiva histórica, contendo exemplo das liturgias reformadas (Calvino e Farel) e do Diretório de Westminster.
O capítulo VII trata da cultura e da tradição reformada, sendo assim fiel a esta tradição ao lidar com os temas das artes visuais, literatura, arquitetura, música, política e economia no âmbito da fé cristã.
O último capítulo do livro é dedicado aos temas específicos e fundamentais da tradição reformada, sendo eles: liberdade, poder e presença de Deus, a Bíblia como Palavra de Deus, a igreja, a disciplina e a simplicidade da vida com Deus.
Apesar de ser um livro imprescindível para estudantes de teologia e formação de pastores reformados na atualidade, ele se torna acessível e fundamental a todos os cristãos reformados com interesse na teologia e eclesiologia reformadas pelo fato de possuir linguagem clara, simples e de fácil compreensão, sem perder a seriedade e a profundidade de cada tema tratado.
Rev. Reginaldo von Zuben, diretor e professor da Faculdade de Teologia de São Paulo da IPIB
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