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A Igreja e o futebol

Estamos nos aproximando de mais uma Copa do Mundo de Futebol Masculino, que no Brasil tem a tradição de ser o esporte que mais mobiliza a população. Basta ver em alguns lugares a febre das “figurinhas da Copa” para percebermos que, mesmo neste momento estranho que vivemos no país, o futebol continua sendo a grande paixão de muitas gerações. Por isso mesmo, consideramos oportuno refletir sobre a Igreja à luz do futebol, percebendo analogias entre eles. Na Bíblia há um bom exemplo disso com o apóstolo Paulo em 1 Coríntios 9.25-27, em que ele compara a vida cristã com a vida de um atleta olímpico. Aqui, de forma mais sutil, queremos destacar como a Igreja está relacionada com o futebol.

Em primeiro lugar, o futebol é um jogo de equipe, da mesma forma que a Igreja é uma comunidade. É impossível pensar num time de futebol com um jogador apenas. Da mesma forma, não dá para ser Igreja pensando só no indivíduo, pois a razão de ser dela é o envolvimento comum em prol da fé. Não por acaso, Paulo afirma em 1Coríntios 12.18-21: “Mas nosso corpo tem muitas partes, e Deus colocou cada uma delas onde ele quis. O corpo deixaria de ser corpo se tivesse apenas uma parte. Assim, há muitas partes, mas um só corpo. O olho não pode dizer à mão: 'Não preciso de você'. E a cabeça não pode dizer aos pés: 'Não preciso de vocês'" (Bíblia Nova Versão Transformadora). Perceba que, no caso da Igreja, o apóstolo Paulo destaca que não dá para abrir mão de ninguém. Todos são importantes.

Em segundo lugar, no futebol cada jogador tem uma função em campo, assim como na Igreja as pessoas exercem diferentes ministérios. Desde o goleiro até o atacante, os jogadores têm funções bem claras no campo. Eles até correm por vários espaços, às vezes mudam de função temporariamente (um zagueiro batendo falta ou recebendo lançamento na área e fazendo gol, por exemplo), mas logo depois voltam à sua posição. Do mesmo modo é a Igreja: estamos juntos na mesma fé, mas no funcionamento dela cada um exerce um trabalho ou ministério. Desde o pastor até aquela pessoa que só comparece para assistir aos cultos, passando por diversas funções administrativas ou de outra natureza, a Igreja se organiza em torno desta diversidade. É o que Paulo destaca no mesmo trecho de 1 Coríntios 12.4-7: “Existem tipos diferentes de dons espirituais, mas o mesmo Espírito é a fonte de todos eles. Existem tipos diferentes de serviço, mas o Senhor a quem servimos é o mesmo. Deus trabalha de maneiras diferentes, mas é o mesmo Deus que opera em todos nós. A cada um de nós é concedida a manifestação do Espírito para o benefício de todos”.

Aqui percebemos que a diversidade de serviços e ministérios na Igreja existe visando o bem coletivo, a unidade do corpo, pois todos servimos ao mesmo Deus. O que nos leva a outro aspecto interessante. No futebol o time segue as orientações de um técnico, assim como a Igreja segue seu líder maior, Jesus. Um bom time em geral tem um bom técnico por trás dele. Isso se torna ainda mais realidade quando há um bom entrosamento entre os dois pontos. Sobre isso Jesus afirmou em João 15.5: “Sim, eu sou a videira; vocês são os ramos. Quem permanece em mim, e eu nele, produz muito fruto. Pois, sem mim, vocês não podem fazer coisa alguma”.

A percepção de que precisamos estar ligados a Cristo é a principal motivação para a caminhada cristã comunitária. Caso contrário, a Igreja seria apenas uma associação de pessoas bem intencionadas. O que a torna diferente é exatamente esta relação especial que cada um constrói com o Senhor individualmente e que retorna na coletividade na forma do amor e do desejo de construir um projeto comum.

Em quarto lugar, no futebol o alvo é a vitória; para isso todos têm que estar unidos em prol da mesma causa. A Igreja só consegue realizar com sucesso sua missão se houver unidade e esforço comum. Não se joga futebol para perder, ainda que apenas um time conquiste a taça, isto é, seja campeão. O que move os times e torcedores em geral é exatamente o desejo da conquista do grande prêmio. Por isso há um empenho geral em torno desse ideal. Para a Igreja não pode ser diferente. Paulo afirma em Filipenses 1.27: “O mais importante é que vocês vivam em sua comunidade de maneira digna das boas-novas de Cristo. Então, quando eu for vê-los novamente, ou mesmo quando ouvir a seu respeito, saberei que estão firmes e unidos em um só espírito e em um só propósito, lutando juntos pela fé que é proclamada nas boas-novas.

Destes quatro aspectos de comparação resulta uma parábola da Igreja e o futebol: a vivência da Igreja no reino de Deus é como um time de futebol, em que cada um tem um papel importante na equipe, seguindo as orientações do técnico, unidos em torno do ideal de ganhar o campeonato, jogo por jogo.

Ser Igreja no mundo é viver com o propósito firme e comum de conquistar o mundo pelo amor, proclamando o Evangelho das boas-novas. Sejamos esse time campeão!


Prof. Marcelo da Silva Carneiro

Professor de Novo Testamento da FATIPI

Doutor em Ciências da Religião pela UMESP

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