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RESENHA - CUIDADO PASTORAL EM PERSPECTIVA EXISTENCIAL: UMA REVISÃO CRÍTICA.

  • comunicacao299
  • 5 de set.
  • 3 min de leitura

SATHLER-ROSA, Ronaldo. Cuidado Pastoral em perspectiva existencial: uma revisão

crítica. São Paulo, ASTE, 2013.


A Associação de Seminários Teológicos Evangélicos do Brasil (ASTE), há

mais de cinquenta anos vem servindo o meio evangélico brasileiro fomentando discussões

teológicas, simpósios e publicações que motivam e favorecem a discussão

do pensamento teológico protestante no meio acadêmico, eclesial e especialmente

pastoral entre as igrejas evangélicas brasileiras.

Uma das obras de destaque, publicada pela ASTE, é o texto do pastor

Ronaldo Sathler-Rosa, professor, por muitos anos, de teologia prática, na Universidade

Metodista de São Paulo.

Uma obra anterior deste autor publicada pela ASTE é o livro “Cuidado

Pastoral em Tempos de Insegurança: uma hermenêutica teológico-pastoral”, que

veio a público no ano de 2004.

A obra do mesmo autor, alvo destas considerações, é o texto, “Cuidado

Pastoral em perspectiva existencial: uma revisão crítica”. Ambas as obras são fruto

de longo ministério pastoral e docente do referido autor. Esta obra reforça o saber

bíblico, teológico e pastoral a respeito do exercício do cuidado (cura) no seio das

comunidades cristãs. Nas palavras do autor, “O argumento principal deste livro é

que o exercício do cuidado pastoral e seu quadro teórico se constroem pela convergência

de situações que emergem da existência e seu contexto cultural com a

mensagem de Jesus de Nazaré” (p.12).

O primeiro capítulo versa sobre a consideração adequada que a vida em

si precisa receber da parte daquele que professa a fé em Cristo e se dispõe a cuidar

de vidas. Vemos a partir das narrativas dos Evangelhos as pessoas indo até Jesus

em busca de repostas para suas lutas e dilemas cotidianos. Em contrapartida, vemos

Jesus indo ao encontro dessas demandas e oferecendo-lhes o apoio, o cuidado

e a atenção pastoral de que necessitavam.

O segundo capítulo elabora as funções tradicionais do cuidado pastoral,

a saber, curar, sustentar e guiar. Partindo das premissas do pastor presbiteriano Seward

Hiltner, Sathler-Rosa defenderá a ideia de que essas funções, acima apontadas,

possuem o objetivo de “preservar, na perspectiva da dinâmica cristã, o constante

compromisso com o bem-estar da pessoa em todos os aspectos de sua vida”

(p.52).

O terceiro capítulo está voltado para uma compreensão do desenvolvimento

histórico das ações relacionadas ao ministério pastoral. Um ponto importante

discutido neste capítulo refere-se à noção pastoral inicial de cuidado (cura)

da alma, que se desenvolve para o cuidado e a cura do ser em todas as suas dimensões.

Outro ponto refere-se ao resgate de elementos bíblicos como parâmetros

para a atuação pastoral no cuidado (cura) das vidas. O autor recupera também o

testemunho da atuação das comunidades primitivas no cuidado (cura) pastoral.

Acrescenta o desafio vivenciado pelas comunidades de fé que, exercendo a responsabilidade

de cuidado, possuíam o desafio de enfrentar as perseguições e ainda

manter tal cuidado (cura) sobre a vida das pessoas. O autor também apresenta as

limitações pastorais vivenciadas num período histórico em que a igreja passou a

preocupar-se mais com os “dogmas eclesiásticos” do que com o cuidado (cura) das

pessoas, apresentando também as diversas reações ocasionadas por esse processo

reducionista de cuidado pastoral.

O último capítulo é marcado pela perspectiva da esperança como elemento

superador das limitações da temporalidade. Resgata, o autor, a perspectiva

de que o “pastoreio cristão imerge na concretude das aspirações humanas e nos

dramas individuais e sociais” (p.115). Em outras palavras, o pastoreio leva em consideração

as lutas e enfrentamentos reais das pessoas, para, a partir de cada circunstância,

e à luz do testemunho cristão nas Escrituras, oferecer apoio e cuidado

(cura) que a pessoa efetivamente necessita. A elaboração do autor apresenta uma

gama de enfretamentos tanto para quem carece de cuidado, quanto para o cuidador,

a saber: as dificuldades geradas pelo desespero; a indiferença; a vergonha e a

humilhação. Estes são alguns dos desafios enfrentados porque necessita de cuidado

(cura), como para aquele que exerce o cuidado (cura) sobre uma pessoa.

Por fim, destaca-se a proposição de um cuidado (cura) que considera a

temporalidade da realidade humana, tanto quando estabelece o parâmetro teológico-

pastoral à luz da esperança. Destaco as seguintes palavras do autor:

“A esperança é primordialmente relacionada à nossa projeção, consciente ou inconsciente,

de expectativas e investimentos, no presente, na consciente dimensão do futuro.

A ênfase exclusiva na experiência da existência humana no passado e no presente

não permite uma plena percepção da dinâmica da esperança, ou no seu antônimo, o

desespero. O futuro é a dimensão de finitude que é menos determinada e, simultaneamente,

a dimensão de tempo que potencializa o crescimento em maturidade e o desenvolvimento

do ser e o constante evolver-se na direção do plenamente humano”

(p.128).

Há outros elementos importantes na abordagem do pastor e professor,

Sathler-Rosa. Contudo, não há espaço aqui para tratar de todos os merecidos destaques.

Fica aqui, então a recomendação de leitura desta preciosa obra para a teologia

pastoral no meio protestante brasileiro.

Boa leitura!

Nome: Rev. Cleber Diniz Torres

Professor e Capelão da FATIPI

Pastor na IPI em São Miguel Arcanjo – SP

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